Não dês muito colo, senão ele(ela) habitua-se…


Não dês muito colo, senão ele(ela) habitua-se…

Quem desse lado é mãe e nunca ouviu isso?
Será que quem defende essa “tese” não tem memória, da sua infância, do quanto é bom ter colinho?
O colo é um dos atos mais naturais de dar amor. E é por isso que o Ser é gerado no ventre materno, no colo materno!

Durante o desenvolvimento embrionário, até às 10 semanas de gravidez, o bebé sofre diferentes transformações e praticamente todos os órgãos ficam formados, depois dessa fase há o crescimento e maturação dos órgãos e sistemas. Hoje sabemos que os órgãos sensitivos se desenvolvem bem cedo, como é o caso da audição, que se desenvolve pela 17ª semana, sendo já capaz de diferenciar a voz da mãe pela 20ª semana de gestação. 

Isto quer dizer que o bebé vive dentro do útero materno, cerca de 20 semanas a ouvir o ruído das trocas sanguíneas placenta-útero, os batimentos cardíacos da mãe, os sons respiratórios da mãe, a voz da mãe, do pai, do irmão, e tem como vizinho o longo e barulhento sistema digestivo da mãe.
O feto (assim chamado desde as 10 semanas de gestação até ao nascimento) desenvolve-se num espaço, quente, confortável, aconchegante, sempre acompanhado e aprende a identificar os diferentes sons e movimentos (internos e externos da mãe).

…. E então chega um dia em que, sem ele saber porquê, é “despejado” ou porque o corpo da mãe assim o decide, ou porque alguém o lá vai tirar!! Ninguém lhe pergunta se ele quer “trocar de casa”, apenas o obrigam a de lá sair… 
O bebé Nasce! Que alegria!! Talvez…mas não deve ser para ele…
Depois de passar pelas “tormentas” do parto o bebé inicia uma escalada de novas descobertas, novas sensações, novas exigências. Quando um bebé nasce o seu corpo passa por tremendas alterações: é obrigado a respirar sozinho, a regular todo o seu corpo sozinho, a sobreviver num mundo totalmente diferente do que estava habituado. Como se não bastasse ainda o aspiram, vestem (e às vezes com roupas que picam e apertam), dão injeções, põem pomadas nos olhos e deixa de ouvir a sua mãe e todos aqueles ruídos que ele conhecia tão bem e pior de tudo: já não está mais ao colinho… Mas porquê?? Que mal fez ele?? 

O Colinho faz bem! Faz muito bem e faz muita falta aos nossos bebés. Faz falta para eles se adaptarem à sua nova vida. Para que eles se sintam seguros para enfrentar os desafios da sua nova vida. Faz bem porque é a única forma de eles continuarem a sentir a presença da sua mãe (tal como estavam habituados) e descobrir que agora também pode ter o colo daquela(s) voz(es) que ele ouvia enquanto esteve na barriga da mãe...
Não faz sentido nenhum um bebé recém-nascido ser “obrigado” a passar horas num berço sem vida. Como se tivesse sido “despejado” do seu confortável e sonoroso apartamento para um lugar frio e silencioso. Não que não podemos pôr o bebé no berço, podemos, mas mesmo que ele pareça confortável lá dêem-lhe colo por períodos +/- longos.
O Colo é a forma mais eficaz de criar vinculação, de dar segurança e de dar calor humano que existe.
A amamentação e o colo, nas primeiras semanas de vida, são quase tão essenciais um como o outro para o desenvolvimento e adaptação harmoniosa á vida fora do útero.
Após as primeiras duas ou três semanas de vida ou mais, de acordo com o bebé que cada um tem, gradualmente deixem o bebé mais tempo no berço, que ele já conhece, mas nunca, nunca o deixem lá a chorar sozinho, com se tivesse sido abandonado. Se ele chora vão ter com ele, se não o querem tirar do berço fiquem lá um pouco com ele, sentados do lado de fora do berço, cantem uma musica, façam um mimo, liguem um mobile com música, e quando ele estiver mais calmo ou tiver adormecido saiam do quarto e voltem quando for necessário, quantas vezes for necessário. Mantenham o quarto termicamente confortável (18 -21) graus e não cobram ou vistam o bebé demasiado. Vistam o bebé com roupas confortáveis e folgadas. Evitem o uso de ambientadores, velas ou incensos no quarto/casa porque podem causar irritabilidade ou secar a mucosa nasal.
Tenham calma em implementar novos hábitos ou rotinas ao bebé, ele precisa de aprender e entender a nova dinâmica das coisas.

Dar colo também é cuidar no nascer.

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